quinta-feira, 26 de março de 2009

Coisas de vida e morte Parte II

Então, o que você pensa sobre a morte, meu caro amigo?

Isso não é nada mais do que a gente faz todos os dias, pelo menos duas vezes ao dia. Uma ao acordar e outra ao dormir. Porque você morre um pouco a cada dia. E cada dia vivido é um dia morrido, porque quanto mais se vive mais se morre e cada passo que damos em frente é com ela que estamos indo nos encontrar ao dobrar a esquina. Esquina onde moram os bêbados, executivos, donas de casa, o homem da lanchonete, os ratos que comemos todos os dias e todas as outras coisas.

Viu? Isso não é tão assustador assim. Todo mundo faz isso um pouco por dia.

Eu não sou louco!

E foi pensando nisso que eu decidi viver e morrer. Entre essas Coisas de vida e morte eu encontro pessoas e as pessoas me vêem...

Eu decidi viver. De trás pra frente começando pela morte, como Chaplin sugeriu que fossemos. Então eu renasço a partir de agora. A partir da minha morte.

Chega!

A vida só está começando, e o mundo gira enquanto eu durmo, enquanto eu perco tempo, as horas se passam e o melhor ainda está por vir. Nós somos tão jovens!

É engraçado olhar para o passado e ver os erros, ridículo. O que a gente não pode mudar é ridículo. Eu não me arrependo, eu vivo um Deja e faço sempre questão de errar duas vezes mais, para errar melhor ainda. Os erros são tudo aquilo que a gente não quis e fez questão de rejeitar. Então eu olho pro futuro. O futuro é utópico, eu não gosto, não consigo imaginar o melhor futuro diante do acertos, do tudo certinho. Eu me lambuso no agora. Esse instante é o que me satisfaz e é nele que eu moro. É aqui que eu vivo e sugo todos os minutos que ele me dá. E vivo todas as alegrias, choro todas as mágoas e amo todos os amores. Pra não sobrar nada pro futuro.

Eu mastigo e engulo todas as coisas e se aproximam de mim. Não preciso entender. Só preciso aprender, por isso fico calado diante das vozes dos outros que têm o que contar. Eu não tenho o que contar, eu não quero ensinar a ninguém o que eu sei. Ora, eu te ensino e você vai me conhecer de verdade, melhor a dúvida de mim, que o pavor que você vai encontrar no meu âmago.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Coisas de vida e morte Parte I

Imagino o quanto vocês devem estar entediados de ler as coisas tão absurdas que eu escrevo, mas eu aprendi a ser cara-de-pau e vou continuar escrevendo!
Ora bolas, é a única coisa que eu faço, além de encher o saco do Kairon e da minha mãe.
Minha mãe que morre de medo de morrer. Pobre mulher indefesa, não sabe ela que só morre quem tem tem medo da morte. E foi pensando nisso que eu decidi desde quando eu tinha dez anos que eu não teria mais medo disso. E não tive.
Quando eu tinha dez anos, era final de 2001, eu tinha a certeza absoluta que ia morrer. Não sei de onde eu tirei isso, mas me deram essa certeza. Alguma coisa que veio na minha cabeça me dizia: você vai morrer no Reveillon. E eu simplesmente aceitei. E fui com minha mãe e minha irmã à uma festa em um clube. Todos com as melhores roupas e eu não estava triste. estava conformado. Nem me lementei. Apenas me diverti na festa até o dia seguinte. Quando acordei e percebi que estava vivo.
Decidi então fazer o que todo mundo faz quando percebe que viver vale a pena: eu decidi fazer valer a pena, porque viver só vale a pena quando a gente faz valer alguma coisa, então se não for assim é melhor morrer mesmo. Pense comigo: se eu tenho uma vida, com todas essas que a gente adora valorizar ( casa, pais, amigos, e outras coisas assim), e não faço nada pra me divertir, nada para amar, e nada pra ganhar, é bem melhor sumir de vez ao invés de continuar se sentindo uma merda.